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Correr na esteira é bom ou ruim?

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Autor: Prof. Luiz Carlos de Moraes
Ilustração do artigo

      Há algum tempo, a gente só encontrava esteira rolante em consultório cardiológico, assim mesmo, com muitas limitações. Hoje, são tão populares que qualquer academia tem. 
      Primeiramente surgiram as esteiras mecânicas, um verdadeiro trambolho que acabava ficando encostada num canto qualquer até mesmo nas academias. Isso porque exigia um esforço danado pra gente puxar o tapete numa ação mecânica antinatural sacrificando principalmente os músculos gastrocnêmios (batata da perna) e o tendão de Aquiles.
      Aí, como tudo na vida evolui, logo logo houve um repentino avanço nas esteiras rolantes. Motorizadas, velocidade e inclinação variáveis, mais largas e mais longas, mesmo a preços nada convidativos invadiram as melhores academias e hoje temos modelos caseiros de boa qualidade e dobráveis.
      A meu ver as esteiras oferecem muitas vantagens sejam quais forem os objetivos das pessoas: fitness, estética, qualidade de vida ou treinamento esportivo.
      Muita gente gosta de caminhar, mas o tempo disponível por vezes fica inviável, seja porque as ruas já estão cheias, pode estar muito calor, à noite pode ser perigoso ou mesmo no caso das mulheres podem ser vítimas de piadinhas sem graça.
      Nas esteiras pode-se fazer qualquer tipo de treinamento, seja ouvindo música, assistindo um bom programa na TV e até jogar uma conversa fora. Se for na academia tem-se ainda a vantagem do acessoramento direto do professor.
      A maioria das esteiras hoje permite velocidade programada de até 20 km/h e uma inclinação de até 15%, o suficiente para simular o treinamento mais exigente de qualquer corredor fundista.

Treinamento para maratona
      As atenções dos técnicos e atletas se voltaram para esse equipamento quando em 1989 o americano Ken Martin ao terminar em segundo lugar a Maratona de Nova York com o tempo de 2h09'34" declarou que parte do seu treinamento de longa distância era realizado na esteira. O mesmo aconteceu com Ingrid Kristiansen (2h21'06") e Joan Benoit (2h21'21"), nos bons tempos. Em 1974, Benoit reiniciou seus treinamentos em esteira 2 dias depois de ser submetida a uma operação no joelho (artroscopia), pela necessidade de retorno imediato aos treinos sem estar apta à atividade com impacto.
       Se você mora numa cidade que chove muito, a esteira é mais que um quebra-galho. Imaginem poder cumprir o plano de treinamento, correr e conversar ao lado de outro corredor mais lento e ainda poder simular o percurso variando a inclinação e a velocidade. Só não dá para simular as descidas, mas isso é também uma vantagem porque sabe-se que a descida sobrecarrega muito os músculos posteriores da coxa em função das contrações excêntricas.
      Por não estar sob a influência climática externa, principalmente do vento, a troca de calor do corpo com o meio ambiente é dificultada produzindo mais suor. Nesse caso a sudorese é o único mecanismo de refrigeração disponível para o corpo favorecendo o aumento da freqüência cardíaca. É uma boa idéia manter o corpo hidratado... Muito fácil, né?

Desvantagens e cuidados
      Correr nesses equipamentos, exige alguns cuidados, tais como ao parar, não descer imediatamente quando terminar o exercício. É normal as pessoas se sentirem meio tontas porque o equipamento reduzindo o impacto em até 30% faz com que os órgãos sensoriais comandados pelo labirinto, trabalhem com uma informação como se o indivíduo pesasse menos. Além disso, nesse momento, é quando o corpo reorganiza o aporte sagüíneo e isso pode provocar uma tonteira momentânea sem maiores complicações.  
      É bom lembrar... A esteira é muito boa, coisa e tal mas para os corredores ela deve ser usada como opção de treinamento. Todas essas vantagens podem viciar deixando o indivíduo menos atento quando voltar para a rua. Ao ar livre, as irregularidades do piso desenvolvem um mecanismo reflexo contra as torções e a segurança das esteiras podem diminuir isso. Portanto, o ideal, para quem tem problemas, é treinar durante a semana na esteira e no fim de semana aproveitar a natureza.
      Uma atitude que não costuma dar certo é correr na esteira com pesinho na mão. O suposto gasto a mais de energia não compensa o prejuízo da biomecânica. É muito mais sensato aumentar a velocidade e/ou a inclinação.
      Para o pessoal que prefere malhar em casa já existe também no mercado uma infinidade de modelos caseiros. Muitas são até dobráveis ocupando pouco espaço quando estão fora de uso. O importante na hora da escolha é verificar a robustez e a potência do motor. O ideal é que seja acima de 1,5 H.P. mesmo para quem deseja só caminhar. A menos que, você vá fazer dela um cabide como a maioria das bicicletas ergométricas.


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