O que é motivação? Todos nós que trabalhamos com esporte usamos esse conceito frequentemente, mas nem sempre somos capazes de defini-lo. Isso acontece porque a motivação é uma variável psicológica. Sabemos que a motivação interfere no rendimento de um atleta, e sabemos que um atleta motivado rende mais. Mas o que podemos fazer para que os atletas mantenham-se motivados?

            Geralmente a motivação é entendida como "uma força" dentro de nós que seria responsável por nossas ações.  Gostaria de apresentar aqui uma outra definição de motivação, que talvez seja mais útil para a Psicologia do Esporte. Martin (2001) sugere que, em uma perspectiva comportamental, é mais útil pensar em motivação como um rótulo para certos tipos de padrões comportamentais.  

            Podemos ver se uma pessoa está motivada ou não se observarmos seus comportamentos. Vamos imaginar um atleta motivado. Quais são os comportamentos que esse atleta apresenta? Ele chega sempre na hora, faz tudo que é solicitado pelo treinador e  comissão técnica, cuida de sua alimentação e de seu preparo físico, entre outros.

            Outro fator fundamental a ser considerado é o ambiente, ou seja, a situação na qual a pessoa se encontra, em que o comportamento ocorre.

Os comportamentos que uma pessoa apresenta dependem do ambiente ou situação na qual ela está. Vamos voltar aos nossos atletas. Às vezes é possível observar que alguns comportamentos só ocorrem em determinadas ocasiões. O que dizer de um atleta que só é pontual no treino que antecede um jogo importante?

Considerar a motivação como um comportamento e identificar as circunstâncias nas quais ele ocorre nos dão à possibilidade de intervir para modificá-lo. Às vezes um atleta não está motivado porque o ambiente não é motivador. Talvez uma mudança no ambiente poderá interferir na motivação do atleta.

Então, uma vantagem da abordagem comportamental da motivação é que ela fornece ao treinador, às pessoas que trabalham com os atletas e aos próprios atletas, uma variedade de estratégias para motivá-los para o treinamento e competição. Motivar, portanto, é aumentar a freqüência de comportamentos adequados e desejados nessas situações.

Para aumentar a freqüência desses comportamentos é necessário que os atletas recebam reforçadores. Comportamentos que são reforçados tendem a ser repetidos.

No contexto esportivo, os reforçadores podem ser naturais ou arbitrários. Reforçadores naturais são os não programados, inerentes ao desempenho da tarefa. Um tipo de reforçador natural está relacionado às sensações auditivas, táteis e visuais experimentadas ao se realizar a tarefa. Para um ciclista pode ser a sensação de  velocidade e movimento, à medida que pedala num ritmo crescente. Outro tipo de reforçador natural são as conseqüências resultantes do auto-aprimoramento, por exemplo,  a satisfação de dominar uma nova habilidade, quando um consegue corredor consegue completar uma prova que nunca havia corrido antes ou um nadador que melhora seu tempo.

Outra categoria de reforçadores refere-se aos arbitrários, programados ou planejados. Atenção, faixas e medalhas e cumprimentos de amigos são reforçadores poderosos para algumas pessoas.

A maioria dos atletas e praticantes de atividades físicas são reforçados tanto por reforçadores naturais como por reforçadores arbitrários.

No próximo artigo apresentaremos algumas estratégias de motivação no esporte.