29º Triathlon Internacional de Santos 2020
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O treinamento com pesos para crianças e adolescentes ainda causa muita polêmica. Há algum tempo atrás se acreditava que existia um efeito compressivo sobre as epífises ósseas da criança e esse fenômeno aceleraria calcificação óssea o que conseqüentemente comprometeria o crescimento. Atualmente não há evidências que o treino de musculação atrapalhe o crescimento, muito pelo contrário, como este estimula a produção de GH, pode ajudar no crescimento longitudinal (De OLIVEIRA, 1997).
Contudo, o treinamento resistido para crianças ainda não é popular devido a resquícios de estudos da década de 80, que, de certa maneira, apontavam riscos para o crescimento e desenvolvimento, advindos do treinamento com pesos. Provavelmente, isto ocorreu porque naquela época o que se entendia por treinamento resistido se relacionava diretamente ao treino de levantadores olímpicos e fisiculturistas (CÂMARA, 2006). Obviamente que levantamentos máximos, visando performance atlética, não seriam benéficos para crianças e adolescentes, inclusive podendo comprometer seu desenvolvimento.
Estudos recentes (De OLIVEIRA & GALLAGHER, 1998) demonstraram que, se bem orientada, a musculação para crianças pode trazer uma série de benefícios desde equilíbrio muscular, coordenação motora, até mesmo, maior crescimento (De OLIVEIRA, 1997). Além disso, não há nada que comprove que o treinamento com pesos desenvolvido por crianças entre 6 e 12 anos interfira negativamente sobre o crescimento ou provoque lesões nas cartilagens articulares, isto se seguidas algumas recomendações: Realizar avaliação médica e antropométrica, os exercícios devem ter caráter submáximo, evitar cargas isométricas altas, levantamentos livres sem aquisição técnica, altos volumes de treinamento, etc (FLECK 1997).
Crianças cavam, carregam peso, sobem em árvores, empurram carrinho etc... Muitas dessas atividades são, às vezes, bem mais intensas que o treinamento de musculação, contudo não são desaconselhadas pelos médicos.
Observamos alguns "especialistas" afirmando que a musculação além de não ajudar no desenvolvimento da força, pode atrapalhar o crescimento, associando a baixa estatura ao do treinamento com pesos. Uma infinidade de estudos têm mostrado justamente o contrário (De OLIVEIRA,1997; FLECK, 1997; RISSO, 1999; CÂMARA 2006) . Na verdade, o treinamento resistido prepara as crianças para prática esportiva, aumenta densidade mineral óssea, melhora a força, resistência, velocidade, composição corporal, coordenação motora e, inclusive, auto-estima (CÂMARA 2006).
Obviamente que a criança e o adolescente fazem parte de uma população especial, assim como o idoso tem adaptações no treinamento com pesos, os mais jovens também não executariam seus treinos da mesma maneira que os adultos. Todavia isto não quer dizer que não "fariam nada pesado", quer dizer apenas que esta população tem necessidades específicas e estas devem ser respeitadas.
É verdade, a criança não é um mini adulto, portanto não deve receber o mesmo tratamento. Nesta época da vida temos de desenvolver as capacidades físicas de forma lúdica, ou seja, temos de brincar. Porém, qualquer tipo de atividade pode ser divertida, por que a musculação deixaria de ser ?
Precisamos ampliar nossos horizontes, a ciência sofre constante modificação, temos de deixar de lado os preconceitos a fim de aproveitar os benefícios da mesma (CÂMARA 2006). Há algumas décadas, mulheres não entravam numa sala de musculação, hoje parecem dominar estes locais em quantidade. Quem sabe, daqui alguns anos, talvez tenhamos uma sala de musculação lotada de aparelhos voltados às crianças?
Referências:
CÂMARA LC, SANTARÉM JM. Exercícios resistidos para crianças e adolescentes: Segurança, eficácia e treinamento. R. Méd. Ana Costa, v.11, n.4, p.82-87, 2006.
FLECK S. Riscos e benefícios do treinamento de força em crianças: Novas tendências. R. Bras. Ativ. Física e Saúde, v.2, n.1, p.69-75, 1997.
De OLIVEIRA AR, & GALLAGHER, JD. Treinamento de força muscular em crianças: Novas tendências. R. Bras. Ativ. Física e Saúde, v.2, n.3, p.80-90, 1997.
De OLIVEIRA AR, & GALLAGHER, JD. Treinamento de força em crianças de 6 a 12 anos de idade: Um estudo em meta-análise. Anais do XX Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, São Paulo-SP, n.226, p.120, 1998.
RISSO S, LOPES AG, De OLIVEIRA AR. Repensando o treinamento de força muscular em crianças pré-púberes na faixa etária de 6 a 12 anos de idade. Treinamento desportivo, v-4, n.1, p.48-54, 1999.
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