Por muitos anos como profissional, sempre busquei melhorar cada vez mais minha performance em competições. Investi em material, tenda hipóxica, treinamento e treinadores. Nesta busca por encontrar alguma ferramenta milagrosa que pudesse fazer a diferença no meu rendimento competitivo, levei muito tempo até olhar para dentro e perceber que o que realmente faz a diferença é a postura mental diante dos desafios.

A partir do momento que me dei conta da importância dessa postura mental, passei então a investir no meu equilíbrio energético por meio da acupuntura,  meditação, alimentação saudável e de qualidade, adotando uma visão mais holística do treinamento. Mas essa é uma questão a qual não se dá muito valor quando o assunto é treinamento esportivo e performance. Olha-se apenas para o corpo, e quase não se trabalha a mente.

Muitos investem em materiais caríssimos para melhorar a performance, buscam atingir volumes cada vez maiores de treinamento, enquanto poucos se preocupam em desenvolver o autoconhecimento e o equilíbrio físico-mental.

Quando liderava o circuito mundial em 1996, os americanos não entendiam como seus atletas, que tinham tudo do bom e do melhor em termos de tecnologia, avaliações e materiais, não conseguiam bom desempenho nas etapas da copa do mundo. Cansaram de fazer exames antidopings de urina e sangue em mim, em diversas provas internacionais. Mas não abriram meu cérebro, senão teriam descoberto que o segredo está não só na fisiologia da remoção e reutilização do lactato, na capacidade pulmonar, no VO2 ou na economia do movimento, mas principalmente em como o cérebro se comporta e se motiva diante de todo esse estresse metabólico.

E no que diz respeito à postura mental, considero a motivação como a mais poderosa droga de performance entre todas já “inventada”. Contudo, só é possível encontrá-la por meio do autoconhecimento e do equilíbrio físico-mental. Por isso, reserve um período do seu treinamento para alcançar esse equilíbrio, buscar sua motivação e com certeza você se surpreenderá quando perceber do que é capaz com suas próprias armas.