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Cadência ideal no ciclismo

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Autor: Thiago Faria dos Santos
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A cadência no ciclismo, mountain bike e afins, não tem uma ligação direta com a intensidade, diferente da corrida, onde aumentar a quantidade de passadas por determinado tempo, quase sempre representa aumento de intensidade.

A variação de cadência no ciclismo, apesar de não necessariamente representar variação na intensidade do treino, mais gera modificações biomecânica e e fisiológicas importantes , mudando a característica de um treino, ou mesmo o desempenho em provas.

 

A pergunta que não quer calar  “qual a cadência ideal?”

A resposta para essa pergunta não é algo tão simples, mesmo depois de décadas de pesquisas cientistas do mundo todo não conseguiram definir qual a cadência ideal para o melhor rendimento no ciclismo, por outro lado muitas informações interessantes ajudam os bons treinadores a usar a cadência como uma ferramenta importante na mudança da característica de seus treinos e com isso gerar adaptações metabólicas e biomecânicas diferentes em seus atletas.

Nos primórdios dos estudos com cadência alguns cientistas mediram o consumo de oxigênio para definir qual seria a cadência mais econômica, com a ideia de que se o ciclista consome menos oxigênio para uma mesma intensidade de esforço, será mais econômico, chegando estranha conclusão de que a melhor cadência seria por volta de 60rpm, o que era muito diferente da cadência preferida livremente pelos atletas profissionais que fica por volta de 90rpm.

Mais tarde mediram o desempenho de atletas profissionais em cadências teoricamente mais eficientes, e obtiveram o resultado muito diferente da teoria já que o rendimento dos atletas caíram muito depois de pedalar com cadência mais baixa e também mais elevadas do que a preferida livremente, criou-se o chamado “paradigma da cadência” no ciclismo.

Décadas depois, pesquisardes notaram que a cadência que os atletas apresentam melhor desempenho são sempre próximas das cadências que o ciclista escolhe livremente e o mais interessante, parece haver uma ligação com a cadência preferida e a capacidade de força máxima do atleta, ciclistas com capacidade de força máxima mais elevada, preferem cadências mais baixas, e ciclistas com capacidade de consumo de oxigênio mais elevadas preferência cadências mais elevadas.

 

Por que isso?

O consumo de oxigênio costuma ser mais baixo em cadência mais baixas, pois usando cadências mais baixas o atleta requisita fibra musculares de contração rápida, que tem como principal fonte de energia gicoxigênio e creatina fosfato, ou seja usar esse tipo de fibra muscular usa menos oxigênio, mas isso não quer dizer que seja mais econômico, até porque os estoques de glicogênio, normalmente no músculo, no fígado e no sangue, é muito limitado.

O desempenho normalmente é melhor perto da cadência escolhida livremente por ciclistas experientes, pois a tipagem de fibra muscular, ou seja, ciclistas que gosta de cadência mais baixas, normalmente tem mais fibras rápidas e por isso apresenta um bom rendimento com cadência mais baixas, o contrario ocorre com ciclistas com capacidade oxidativas muito elevada (VO2max elevado), pois normalmente tem mais fibras lentas e por isso preferente cadência mais elevadas.

Tudo isso não explica o fato de ciclistas com vo2max elevado caírem o rendimento com cadência muito elevadas, para isso precisamos buscar informações sobre a biomecânica da pedalada,  caso o atleta não esteja acostumado com o movimento rápido de cadência muito elevadas, possivelmente ativará reflexos musculares que vão gerar maior gasto energético e com isso o rendimento vai cair, para se pedalar com cadência mais elevadas, alem de características metabólicas o atletas precisa de adaptações coordenativas.

Como aparentemente trabalhar com cadências mais elevadas tendem a acessar mais a via oxidativo e com cadência mais baixas acessar mas as vias anaeróbias, no treinamento pode usar a cadência para focar o desenvolvimento de cada capacidade.

Trabalhar com cadências mais elevadas ou mais baixas do que a preferida livremente pelo atleta, pode ser útil promover mudanças coordenativas deixando o ciclista apto a pedalar de forma eficiente em varias cadências diferentes, desta forma pode selecionar a cadência que melhor se adéqua em diferente situações, por ex em uma forte subida nem sempre se tem relação de marchas para manter cadência elevadas, assim o atleta precisa usar um pouco de força e por ai, vai.

Resumindo, não existe uma cadência ótima, mas sim várias cadência ótimas, diferente para cada ciclista e para cada situação diferente.

Apesar de complicado espero que o texto possa servir de base para o atleta ser critico na hora de escolher a cadência de seus treinos e provas e assim otimizar seu rendimento.

 

Abraços e bons treinos a todos. 


imagem_autor
Thiago Faria dos Santos Graduado em educação física pela Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP);

Pós-graduado em programa de treinamento esportivo, pela Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EEFERP – USP);

co-autor do livro “Ciclismo – Treinamento, Fisiologia e Biomecânica” ed Phorte, mais de 9 anos de experiência acadêmica e profissional em treinamento e biomecânica do ciclismo.

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