29º Triathlon Internacional de Santos 2020
, Santos/SP
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O que vemos atualmente nas provas de ciclismo e triathlon são os profissionais e os principais atletas das faixas etárias (“age groups”) atacando a parte dianteira da bicicleta em um posicionamento extremamente agressivo.
Tendência ou não, todos com a extensão quase completa do joelho na fase descendente do ciclo da pedalada com a regulagem da altura do banco no limite.
Avançam o banco em sua máxima possibilidade de angulação em relação ao “seat tube”, alcançando angulações acima dos 80o graus em relação ao eixo do pedal, o que possibilita que, quando em sua extensão máxima de joelho, a outra perna em sua máxima flexão fixe o dorso do pé atrás da linha máxima posterior do quadril, aumentando em eficiência a produção de potência no último quarto descendente da pedalada direcionando o eixo do ciclo da pedalada não apenas para a frente mas angulando-o também para baixo, diminuindo o arrasto aerodinâmico.
Quando falo de “máxima extensão e flexão” não significa em possibilidade, mas em adequação ao “bike fit” realizado individualmente em cada atleta.
No link anexo você poderá conferir cuidadosamente um vídeo com a tendência desses atletas no Ironman do Hawaii de 2016.
https://www.youtube.com/watch?v=QVZc7RYqIJk
Penso que hoje um ajuste próximo do ideal de uma bicicleta para um atleta deva levar em consideração não apenas os ajustes biomecânicos de diminuição da resistência frontal e lateral imposta sobre o mesmo, mas aquele que consiga equilibrar a transferência da potência produzida nos pedais para eficiência em deslocamento, com o ajuste de transferência de peso que não sobrecarregue a parte posterior da bicicleta tornando-a lenta no deslocamento.
A equação que o atleta e seu treinador deve ter em mente é não apenas a capacidade do mesmo em produzir potência mas de que forma essa potência está sendo transformada em deslocamento.
O segredo está em equilibrar a diminuição da área de contato da parte traseira da bike com o solo no início do ciclo ascendente da pedalada com a pressão máxima na frente da mesma na fase final descendente, gerando deslocamento máximo com a potência utilizada.
A diminuição da flexão do joelho na fase ascendente associada à extensão máxima do pedal na fase descendente proporciona menor utilização de carga sobre a musculatura dos glúteos, preservando-a em grande parte para a corrida.
Outro assunto que ainda gera bastante discussão é o cuidado que deve ser tomado no ajuste da máxima extensão do joelho na fase descendente da pedalada para que não ocorra hiperflexão plantar e conseqüente sobrecarga do tríceps sural (panturrilhas) por contração isométrica, que pode ser devastadora na hora de se trocar a etapa de ciclismo pela corrida.
Portanto, cuidado redobrado com o aumento das flexões plantares no ciclismo.
Dica para quem busca “performance” e tem a possibilidade de treinar adequadamente para uma prova de longa distância:
“ Deve-se privilegiar SIM as regulagens na bike com uma abordagem agressiva “.
Procure treinar absurdamente o fortalecimento e estabilização central (Core).
Estudos apontam que as lombalgias afetam até 80% da população mundial e é preciso preservar as estruturas envolvidas em todo o esforço da pedalada.
Sugiro regulagem com base no conforto apenas para quem não consegue treinar adequadamente os longos braços de cada modalidade durante a fase de preparação.
Estamos há aproximadamente dez meses do próximo Ironman Brasil em Florianópolis, no mês de maio. É sempre importante pensar que todos os ajustes biomecânicos devem ser realizados de forma gradativa e com observação constante da evolução da “performance” de cada atleta.Evite fazer alterações bruscas em seu “bike fit” e tenha o cuidado de promover mudanças nas abordagens de treinamentos e equipamentos com o máximo de tempo possível para adaptações e resultados.
Lembre-se que no treinamento nenhuma variável pode ser avaliada individualmente, portanto, leve sempre em consideração todos os aspectos das mudanças propostas.
Bons treinos e até a próxima!
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